Inovar, geralmente, está associado à ideia da necessidade de se fazer investimento, e logo vêm as perguntas: Isso está dando resultado? Esse investimento vai gerar crescimento na companhia? Estamos investindo de forma e no tempo corretos? 

A inovação é um investimento de longo prazo; e o imediatismo nos resultados não combina muito com ela. A inovação, em sua essência, está diretamente ligada à perpetuidade do negócio: se queremos um negócio que dure algumas décadas, a única certeza que temos é a de que ele vai mudar, por meio de inovações, sejam elas em produtos, processos, modelo de negócio ou uma combinação das três.

Vejamos alguns exemplos: quando olhamos para a indústria automotiva, vemos um setor inquieto e muito competitivo, que ano após ano inova cada componente e/ou sistema dos carros, com sucessivas inovações incrementais em suas plataformas, o que permite a perpetuidade de muitas dessas empresas. Porém, nos últimos anos, estamos vivendo a oportunidade de ver grandes mudanças nesse setor, com a substituição dos motores a combustão por elétricos; o desenvolvimento de veículos autônomos e o modelo de negócios de compartilhamento.

Um outro exemplo é a evolução das empresas que vendiam software de “caixinha”, na prateleira das lojas. Seus modelos de negócio eram baseados em uma receita de licença de uso, ou seja, era uma receita que vinha no ato da compra. Com o advento da Nuvem, as empresas que se prepararam e buscaram inovar no modelo de negócio, encontraram  alternativas para mudar e passaram a se manter com uma receita de software como serviço (SaaS).

No caso acima, a mudança para um modelo de SaaS mudou completamente o Setor de TI e, nesse caso, podemos até usar a expressão “antes e depois da Nuvem”, ou seja, houve uma ruptura na indústria. Mas, como saber que uma inovação foi disruptiva para uma indústria? O  parâmetro utilizado é o resultado econômico, quando comparado com o estado anterior à inovação. Sendo assim, será que podemos considerar os carros elétricos uma disrupção? Estamos quase lá! Já podemos vislumbrar algumas metas da indústria automotiva na virada de receita e na desativação de plantas a combustão. Mas ainda falta um pouco mais para isso acontecer.

De uma forma bem prática, Fernando Trias de Bes e Philip Kotler em sua obra a Bíblia da Inovação, citam uma lista de indicadores que podem ser usados em sua empresa para medir a inovação. Os autores dividem esses indicadores em 4 grupos, sendo: cultura, eficácia, intensidade e resultado

Indicadores de inovação de cultura

Os indicadores da cultura organizacional voltado a um ambiente inovador são:

  • a taxa de produção e avaliação de ideias inovadoras vindas dos funcionários da empresa;
  • O tempo que os funcionários dedicam à inovação;
  • A quantidade de pessoas ou departamentos envolvidos em projetos de inovação.  

Esses não são indicadores complexos de serem implantados e podem promover o engajamento dos times em torno da inovação. 

Segundo a Dra. Denise Del Pra Netto Machado, que conduziu durante anos um estudo sobre cultura organizacional e inovação, o impacto da cultura organizacional no ambiente de inovação em uma empresa de TI busca entender por meio de uma pesquisa com os colaboradores da empresa como a cultura da empresa impacta a inovação.

Indicadores de inovação de eficácia

O segundo grupo de indicadores é o de eficácia da inovação. À medida que avançamos em outros grupos de indicadores, aumenta a exigência de um bom controle de projeto para que a extração dos dados seja possível. 

  • Tempo para comercializar um novo produto;
  • Investimento médio em projetos de inovação 
  • Taxa de sucesso de novos produtos, o que traz um pouco mais de complexidade, porque o sucesso pode ser um critério subjetivo e pode variar de empresa para empresa.

Indicadores de inovação de intensidade

Quantidade de patentes

Esse é um indicador importante para o governo e a própria OCDE apura essa métrica para medir o esforço de PD&I no mundo. Empresas como a 3M, por exemplo, potencializa esse indicador, premiando os pesquisadores da CIA, conforme narra Luiz Serafim em seu livro “O Poder da Inovação”. Já na indústria de TI, a patente não é uma métrica muito utilizada. Como forma de estimular o time de pesquisadores, criamos um indicador de publicação de trabalhos e a apresentação em eventos de PD&I, muito parecido com as métricas utilizadas para medir o desempenho dos programas de pós-graduação.

Um dispositivo legal que tem ajudado empresas brasileiras de lucro real a organizar os indicadores de esforço de inovação é a Lei do Bem; pois, para a empresa se beneficiar do subsídio fiscal, ela precisa apresentar várias métricas como:

  • Número de pesquisadores dedicados a projetos de inovação;
  • Investimento e PD&I;  
  • Quantidade de projetos em inovação no pipeline. 

Medir a intensidade pode ser importante para saber a energia que está sendo empregada na inovação. Se queremos novos resultados, precisamos experimentar novas possibilidades.

Indicadores de inovação de Resultado

O último grupo de indicadores são os de resultados. Esses são os mais aguardados pelos CEOs e empreendedores, entre eles: 

  • Faturamento com novos produtos é um que chama nossa atenção. Para este indicador, é necessário fazer um pequeno ajuste conforme a indústria em que sua empresa está inserida. É preciso definir o tempo que um produto ou serviço é considerado novo. Em TI, esse tempo é bastante breve, cerca de 2 a 3 anos dependendo da área de atuação da empresa. Nesse caso, é importante definir esse prazo, para estimular as áreas de PD&I a criarem novos produtos e não se conformarem com a receita gerada no presente.

Neste sentido, existe ainda uma variação de indicadores econômicos, como:

  • Lucro a partir do lançamento de novos produtos;
  • Redução de custos a partir de projetos de inovação 
  • Taxa de retorno de investimento em inovação. 

Este último é muito comum em projetos, inclusive é possível ser comparado com as projeções de vendas definidas no início do projeto. Além disso, existe a possibilidade de combinar indicadores, mas é importante lembrar que não adianta ter indicadores rebuscados, se não for possível medir ou se o custo para medição for proibitivo.

Mas, por onde começar? Um caminho pode ser pelo controle de projetos de inovação. Conhecer essas iniciativas permitirá o entendimento da dimensão que o tema tem no dia a dia da empresa.  Contudo, outro problema pode surgir nessa classificação: saber o que é inovação. Nesse caso, uma abordagem é classificar por tipo de inovação: em produto, em processo e em modelo de negócio. 

A segunda classificação está mais relacionada ao ineditismo da inovação: é algo novo para o mundo, não se tem notícia de alguém que já faça isso;  é nova para o mercado ou indústria em que estamos atuando, ou é algo novo para a empresa e vai deixá-la em pé de igualdade com a concorrência. Quanto a isso, algumas pessoas podem questionar se é de fato uma inovação. Nesse caso, há uma linha tênue entre melhoria contínua e inovação. O fato é que, se todo o esforço em inovação estiver classificado neste último, talvez seja necessário rever a estratégia da empresa.

O mais importante na classificação das iniciativas é começar a fazer e depois ir refinando, como: utilizar pequenos grupos para fazer ou revisar a classificação; testar os critérios mais de uma vez, até que os times envolvidos tenham clareza de como ela acontece e não deixar de fazer benchmarkings. Se existe uma comunidade de profissionais que gostam de compartilhar sua experiência são os de inovação. Por fim,  não deixar de compartilhar a sua evolução.

Segue o resumo dos indicadores sobre os quais este artigo tratou:

  1. Taxa de produção e avaliação de ideias inovadores vindas dos funcionários da empresa;
  2. Tempo que os funcionários dedicam a inovação;
  3. Quantidade de pessoas ou departamentos envolvidos em projetos de inovação;
  4. Tempo para comercializar um novo produto;
  5. Investimento médio em projetos de inovação;
  6. Taxa de sucesso de novos produtos;
  7. Quantidade de patentes; 
  8. Número de pesquisadores dedicados a projetos de inovação;
  9. Investimento e PD&I;
  10. Quantidades de projetos em inovação no pipeline;
  11. Faturamento com novos produtos;
  12. Lucro a partir do lançamento de novos produtos;
  13. Redução de custos a partir de projetos de inovação;
  14. Taxa de retorno de investimento em inovação.

Lembrando que, se sua empresa atua em um ambiente mais aberto, ao invés ou combinado com o número de patentes, você pode utilizar o número de publicações e participações em eventos dos projetos de PD&I.

Anderson de Souza Torres, Product Manager da Wiipo

Referências:

HASTINGS,  Reed e MEYER Erin. A Regra é Não Ter Regras: A Netflix e a Cultura da Reinvenção. Rio de Janeiro: Editora intrínseca, 2020. 

TRÍAS DE BES, Fernando; KOTLER, Philip. A bíblia da inovação. São Paulo: Leya,  2011.

TORRES, Anderson de Souza. O impacto da cultura sobre o ambiente propício ao desenvolvimento de inovações em uma empresa de tecnologia de informação. 2014. 91 f, il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2014. 

SERAFIM, Luiz Eduardo. O poder da inovação: a experiência da 3m e de outras empresas inovadoras. São Paulo: Saraiva Educação SA, 2017.

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